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Lagoas de estabilização: conhecendo o sistema australiano

  • Rômulo Henrique Marmentini Vogt
  • 7 de mar. de 2018
  • 3 min de leitura

Quando uma empresa produz rejeitos líquidos em grandes quantidades, a instalação de um sistema de tratamento de efluentes torna-se obrigatória, tendo em vista a necessidade de minimizar a degradação ambiental no local de despejo.


A escolha do sistema de tratamento mais adequado leva em condições diversas variáveis, como a natureza do efluente, o corpo receptor, a disponibilidade de área e, logicamente, os custos de instalação, operação e manutenção do sistema. Neste contexto, dentre as alternativas mais comuns estão: reatores UASB, filtros biológicos e lagoas de estabilização para grandes quantidades de efluentes; caixa separadora, fossa séptica e sumidouro, para quantidades menos expressivas.


Dentre estas opções, as lagoas de estabilização popularizaram-se principalmente em virtude do seu custo relativamente baixo. Todavia, pesa contra esses sistemas a necessidade de grandes áreas para sua instalação, que acaba inviabilizada em regiões muito adensadas.


De maneira geral, as lagoas de estabilização são locais de tratamento de efluentes, por processos químicos e biológicos, com o objetivo de reter a matéria orgânica e gerar água com qualidade para retornar ao ambiente. Consiste num sistema simples, onde os esgotos entram em uma extremidade e saem na oposta, ficando retida a matéria orgânica no fundo da lagoa, formando um lodo que aos poucos vai sendo estabilizado.


O sistema australiano de lagoas de estabilização é composto pela conexão de três tipos de lagoas, dispostas respectivamente em ordem:


1. Lagoa anaeróbica: lagoas onde o processo de estabilização ocorre de forma estritamente anaeróbia. Ou seja, as bactérias realizam a decomposição na total ausência do oxigênio. A eficiência na remoção da Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO é de 50 a 70 %.


2. Lagoa facultativa: a estabilização ocorre por meios aeróbios (parte superior) e anaeróbios (parte inferior) da lagoa. Possui grandes requisitos de área um tempo de detenção do esgoto relativamente longo (aprox. 20 dias). Nestas lagoas, há a opção de utilizar-se aeradores para reduzir o tempo de detenção do esgoto e aumentar sua eficiência.


3. Lagoas de maturação: são lagoas de estabilização (utilizam-se usualmente 3 ou 4 em série) com o objetivo destinado a remoção de organismos patogênicos (potencialmente causadores de doenças). Esta remoção ocorre por meio da ação de fatores como temperatura, insolação, pH, escassez de alimento, organismos predadores, competição, produtos tóxicos, sedimentação, etc.


A eficiência na remoção da DBO qualifica o sistema australiano ao tratamento de efluentes com grandes quantidades de matéria orgânica, como aqueles provenientes de laticínios e frigoríficos.


O sistema deve ser ajustado de tal maneira que os indicadores de qualidade dos efluentes e do corpo receptor não excedam aos padrões ambientais pré-estabelecidos.


Além disso, é importante se atentar a impermeabilização das lagoas anaeróbicas e facultativas, de maneira a evitar a contaminação dos lençóis freáticos por meio da percolação dos efluentes no solo. Nesse contexto, a construção de poços piezômetros costuma ser exigida pelos órgãos ambientais visando o monitoramento das águas subterrâneas.


Outros aspectos construtivos a serem considerados são a utilização de um tratamento prévio, com grade, caixa de areia e calha ou vertedor para medição da vazão, a disponibilidade de área, a distância em relação aos corpos d’água, sistema coletor e áreas residenciais, relevo e cotas altimétricas, natureza do solo, condições de acesso, entre outros.


Desta forma, feitas as devidas ressalvas, o sistema australiano justifica a sua utilização em sua simplicidade operacional e relação custo-benefício. Vale lembrar que o mesmo pode apresentar variações de acordo com as necessidades da empresa. Além disso, monitoramento e manutenção periódicos são fundamentais para garantir a eficiência e viabilidade das lagoas de estabilização no tratamento de efluentes líquidos.


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